Inclusão Educacional, Social e Identidade Institucional da Fadire

Educação Inclusiva

A obrigação de toda e qualquer Faculdade no Brasil é cumprir a Lei nº 9.394/96 e, no que pertine objetivamente às suas demandas, atender ao que dispõe o Artigo 43, onde as finalidades essenciais da Instituição estão sob essencial cumprimento. Estas determinações impõem um programa de inclusão educacional, social e institucional voltado para a erradicação da pobreza e focado no desenvolvimento nacional, que são pontos fortes na razão de ser da República, como afirma a Carta Magna nos seus Artigos 1º e 3º.

É a chamada educação inclusiva na pauta ordinária do mundo da educação superior, não apenas para pessoas portadoras de deficiência especiais, mas sobretudo, para as pessoas que possuem a deficiência que o próprio sistema de educação criou para constranger a acessibilidade.[1]

Por outro lado, a realidade brasileira é marcada por forte desigualdade social e o único meio para se enfrentar esta demanda é através da educação[2]. Embora muitos entendam que deva ser feito um grande esforço em torno da educação básica (e deve mesmo), a mudança de paradigma na sociedade se dá pelo número de estudantes num ensino superior de qualidade.

O ensino superior significa prioritariamente duas coisas bem claras: (1) capacidade de desenvolvimento do espírito crítico e, (2) instrumental para a solução de situações que são descobertas e ajuizadas no item anterior.

Para sabermos qual o potencial de desenvolvimento socioeconômico de uma cidade, a métrica é feita analisando quantas pessoas possuem o ensino superior dentro da sua população, porque apenas estes (salvo exceções muito especiais), em conjunto, poderão enfrentar as pautas sociais que fluem da vida cotidiana, com a propriedade analítica devida.

O desafio é enorme![3] Os dados são muito abaixo do que se deseja![4] O acesso ao 3.º grau é uma das formas mais seguras de ascensão social no Brasil. A população carente começa a entender o processo, a necessidade de se cursar uma universidade para se afirmar socialmente, deixou de ser uma opção, passou a ser uma necessidade premente de toda uma massa humana que anseia por crescer em todos os sentidos.

Mesmo conhecendo o que o Ministério da educação tem proposto como política pública de inclusão educacional[5], o fato inconteste é que a velocidade com que o sistema avança é muito lenta e a qualidade está muito aquém do que seria razoável, muito menos ideal.

Pesquisas mostram que o ganho extra de renda que um brasileiro obtém, em média, por fazer 4 anos do 3.º grau é 10 vezes maior do que o obtido nos 4 anos do ensino fundamental. Contudo, a freqüência ao 3.º grau continua sendo privilégio dos mais ricos.[6]

Em 2001, entre os 50% mais pobres da população, só 8% dos jovens, em idade de frequentar uma faculdade, estavam no 3.º grau. Entre os 10% mais ricos, esse número salta para 37%. E na universidade pública 75% das vagas estão entre alunos provenientes do grupo dos 30% mais ricos.[7]

As comunidades carentes têm dificuldade de frequentar o ensino fundamental quanto mais o ensino superior! O último relatório do MEC divulgou que só em 19 cidades brasileiras os indivíduos têm, em média, 8 anos de escolaridade, o que equivale dizer, têm apenas o ensino fundamental completo, sem chegarem no médio, quiçá no superior![8]

É neste cenário que a Fadire se apresenta para trabalhar!

Exatamente neste momento ficou muito claro para nós da Fadire, que acompanhamos a questão da necessidade de trabalharmos a inovação para encarar os grandes desafios nacionais que, deveríamos buscar um caminho por onde pudéssemos fazer chegar ao povo brasileiro o máximo de educação com o mínimo de complicações, especialmente quando lemos que é fundamental para a sobrevivência da Nação “qualificar os brasileiros para uma era de desenvolvimento sustentada pelo avanço científico e pela inovação”.

A nossa proposta com a educação passa exatamente por este desafio da inovação, sobretudo, porque estamos numa região onde a falta de água e os problemas decorrentes desta situação no cenário do agreste Pernambucano, nos coloca frente à pobreza, marginalização e miséria características e históricas.

A Fadire está imbuída deste ideal que objetiva calçar, de modo pleno, o direito inalienável de o cidadão acessar o máximo de formação possível que lhe permita cumprir com sua contribuição na construção de um País que seja justo, solidário e produtivo. Afinal, que outra razão poderia existir para uma Faculdade?

Ao apresentarmos nossas diretrizes para o biênio 2015-2016, pretendemos que a Fadire, nossa Casa, possa atender aos ideais exigidos para as Instituições de Ensino Superior com base objetiva no Artigo 43 da Lei nº 9.394/96 e prestar nossa parcela de influência na geração de uma sociedade melhor qualificada para enfrentar os elevados desafios que se avizinham.


[1] https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_inclusiva
[2] http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/reveducacao/article/view/206
[3] https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/artigos/acesso-ao-ensino-superior-no-brasil-equidade-e-desigualdade-social
[4] http://www.bengalalegal.com/desafios
[5] http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusao.pdf ou ver em http://www.simposioestadopoliticas.ufu.br/imagens/anais/pdf/BC05.pdf e ainda em http://www.anpae.org.br/IBERO_AMERICANO_IV/GT2/GT2_Comunicacao/SandraCristinaMachado_GT2_integral.pdf
[6] https://www.revistaensinosuperior.gr.unicamp.br/edicoes/ed06_julho2012/Cibele_Yahn.pdf
[7] http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/2014-12-17/um-em-cada-sete-jovens-conclui-ensino-superior-no-brasil-aponta-ibge.html
[8] http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/12/em-nove-anos-aumenta-escolaridade-e-acesso-ao-ensino-superior